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Imagine a seguinte situação: você entregou as provas aos alunos, que valiam 10 pontos, e na escola a média para aprovação é 60%. Em meio ao burburinho que sempre acontece neste momento, um aluno lhe pergunta:

Professor, qual é a média?

5,8 pontos – você responde

Ah, então estou bem – responde o aluno, que tirou média 6.

O aluno foi aprovado. Mas você se dá por satisfeito? Você saberia dizer quais são as principais dificuldades de cada aluno ou da turma? A pesquisa Conselho de Classe, desenvolvida pela Fundação Lemann, mostrou que a principal satisfação para a maioria dos professores brasileiros é ver seus alunos aprendendo. Mas só com as médias, você consegue ter certeza que eles aprenderam tudo o que deveriam?

Neste artigo, vamos contar a experiência do professor de Geografia Alexandre Oliveira, que após um diálogo como este resolveu buscar alternativas que engajassem os alunos e proporcionassem um retorno maior sobre todo o investimento feito em sala de aula de maneira simples e fácil: usando os resultados dos próprios alunos nas provas escolares.

alexandre_avaliacoes

“Eu sabia que o momento da correção das provas escolares era mais uma oportunidade de aprendizado, porque meu aluno poderia confrontar o que eu considerava correto com o que ele considerou correto e este movimento gera aprendizado. Além do mais, elaborar a prova havia me dado muito trabalho, afinal todas eram questões inéditas. Também havia o trabalho de diagramação e impressão pela escola, além do próprio investimento do aluno no estudo e a dedicação durante a prova.

Com esse quadro de tantos esforços e pouco resultados, resolvi buscar alternativas que engajassem os meus alunos e que também me proporcionasse  um retorno maior sobre o meu investimento.

Contando com a ajuda de uma aluna, que me ditava os valores, registrei em uma planilha os resultados que meus alunos haviam obtido em cada questão da prova. Com ajuda do professor de matemática, em poucos cliques eu tinha a porcentagem de acertos para cada questão objetiva (múltipla escolha) e a média pontos nas questões discursivas (abertas) para cada turma.

Já na próxima correção da prova, apresentei aos alunos esses valores e percebi um maior envolvimento, afinal, oferecia a eles parâmetros para avaliar o seu rendimento em cada questão. Também identifiquei pontos em que eu precisava melhorar. Em uma das minhas turmas, por exemplo, o desempenho muito baixo em determinada questão estava relacionado ao fato de eu não ter trabalhado o conteúdo por completo (devido a perda de aulas em virtude de feriados).

steps_avaliacao_aluno

Animado pelo retorno obtido, na avaliação seguinte calculei para cada aluno o percentual de pontos obtidos, pois assim poderiam comparar o resultado em diferentes avaliações. Também medi o percentual de pontos por tipo de questão: objetiva e discursiva, já que minhas provas eram mistas.

Buscando avançar ainda mais no aproveitamento desses dados, associei a cada questão o conteúdo avaliado e calculei o rendimento da turma e do aluno por conteúdo.

A partir do compartilhamento desses dados, o engajamento dos meus alunos com a avaliação repercutiu para além do momento de correção. Vários deles identificaram que o baixo rendimento estava associado a determinado tipo de questão. Outros passaram a definir metas de crescimento, visto que a porcentagem permitia uma comparação direta entre as avaliações. Ao final do ano, a direção da escola me convidou para apresentar aos colegas o que eu havia feito e o modelo foi seguido por alguns colegas.”

Ficou curioso ou tem alguma dúvida? Já faz alguma ação parecida na sua escola? Compartilha com a gente nos comentários.

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