O Inep divulgou no dia 5 de agosto de 2015 as médias das escolas no Enem 2014, por meio de uma coletiva para a imprensa. As estrelas da coletiva e, posteriormente, das manchetes na imprensa foram alguns dos indicadores de contexto destacados durante a divulgação. E pela primeira vez na história, o Inep apresentou alguns ranqueamentos, utilizando como parâmetros, a taxa de permanência, o nível socioeconômico e o porte da escola.
A coletiva contou com a presença do presidente do Inep, professor Francisco Soares, o Ministro da Educação, professor Renato Janine Ribeiro, e o presidente do Consed (Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação) Eduardo Deschamps.
A construção e uso desses indicadores é um claro reflexo da presença do prof. Soares na presidência do instituto. Estatístico, com longa reputação em análise de dados de avaliações, Soares ao invés de expurgar os ranqueamentos, trouxe os Indicadores de Contexto, que são novas variáveis para se levar em conta quando avaliamos os resultados das escolas. (Para saber mais sobre os indicadores de contexto veja esse post em que falamos sobre eles).
Na argumentação de Soares “diante a heterogeneidade das escolas, para analisar as médias é preciso considerar as estratégias de seleção, o porte das instituições e as características socioeconômicas dos estudantes das escolas”. Na coletiva, seis dos indicadores de contexto foram abordados: taxa de participação, formação docente, taxas de rendimento, porte da escola, nível socioeconômico e permanência na escola. Porém o uso prático dos últimos três para a construção ranking Inep das “melhores escolas”, colaborou para a repercussão deles na divulgação feita pela imprensa.
Porte das escolas
Na planilha divulgada pelo Inep, o porte das escolas é representado pela quantidade de alunos matriculados no 3º ano do ensino médio e apresentada por meio de faixas (1 a 30, 31 a 60, 61 a 90 e mais que 90 alunos). Segundo Soares, em geral, escolas de pequeno porte possuem maiores restrições de acesso e por isso não são tão acessíveis a um pai que queira matricular seu filho nela. Essa restrição pode ser desde limitações de recursos da escola para crescer a processos seletivos muito restritivos, tais como valor da mensalidade ou testes de proficiência. Para o presidente do Inep, em geral, as escolas de grande porte são mais acessíveis e esse aspecto deve ser valorizado na análise.
Na tabela abaixo, organizada pela equipe do +Enem, vemos que no país há uma distribuição um pouco equilibrada na quantidade de escolas por porte, com um predomínio das escolas de grande e médio porte.
Características socioeconômica dos alunos
Essa variável já é bem conhecida dos pesquisadores em avaliações no Brasil, pois em todos os estudos ela é a que demonstra maior influência sobre o resultado do aluno. Esteve presente na divulgação dos resultados na divulgação do Enem 2013, porém não teve o destaque dessa edição. O nível socioeconômico deve ser levado em conta quando uma escola busca comparar seus resultados. Trata-se de um diferencial que favorece o aprendizado, mas que não é mérito da escola. O que muitas vezes ocorre é que a escola consegue um perfil socioeconômico.
O mais indicado, segundo Soares, é que o interessado em comparar o resultado de uma escola, o faça com escolas de mesmo nível socioeconômico ou com a média obtida pelas escolas de mesmo nível. Durante a coletiva, um uso prático apresentando foi listar escolas de escolas de baixo nível socioeconômico e que alcançam resultados acima da média nacional.
Tratando os dados da planilha do Inep é possível observar uma forte concentração dos níveis socioeconômico muito alto e alto nas escolas privadas, enquanto nas escolas públicas predomina o nível médio alto, médio e médio baixo.
Segundo o Inep, as escolas sem informação são aquelas que iniciaram em 2014 a participação no Enem, por isso não há dados consistentes para definir o nível socioeconômico.
Permanência na escola
Novidade na divulgação desse ano, este indicador busca evidenciar qual o nível de responsabilidade da escola sobre os resultados dos seus alunos no Enem. Nas palavras do presidente do Inep, “Essa informação é importante para que a sociedade conheça quais são as escolas que realmente ajudam seus alunos a melhorarem, que oferecem educação de qualidade durante todo o ensino médio, e quais são aquelas que, simplesmente, selecionam alguns para cursarem apenas o 3º ano”
Estatisticamente, o nível é calculado verificando, dentre os alunos que participaram do exame, a porcentagem daqueles que cursaram o 1º e o 2º ano do ensino médio na própria escola. Porém, a repercussão desse indicador foi pela possibilidade dele jogar luz sobre um tema polêmico: escolas que selecionam alunos para estarem no 3º ano do ensino médio ou que “criam” unidades somente pare esse ano escolar e para lá direcionam os melhores alunos. Em geral, essa prática visa promover uma maior visibilidade ao nome da escola ou rede de educação, devido a grande repercussão dos rankings na mídia.
Durante a coletiva, um dos slides que repercutiu foi um que apresentava as 10 escolas com maiores médias nas objetivas e que,dessas, 5 estavam na faixa de menos de 20% dos alunos cursando o ensino médio na própria escola. Na visão do presidente do Inep, devem ser valorizadas as escolas que possuem 60% ou mais dos alunos tendo cursado todo o ensino médio na instituição.
Para verificar o peso desse indicador sobre os resultados, tratamos os dados e calculamos a frequência desse perfil de escola em relação ao total e em relação a posições no ranking. Veja nas tabelas abaixo, o que encontramos.
Balanço geral
Para quem acompanha a divulgação dos resultados por escola no Enem desde 2009, essa divulgação representou a consolidação de uma mudança iniciada na divulgação anterior. O Inep assumiu a publicação da planilha, antes realizada pelo MEC, e trouxe a marca daqueles que trabalham diariamente com dados educacionais: não há um ranking, mas diversos rankings que deverão levar em conta diferentes aspectos, tanto internos quanto externos à escola.
Na imprensa ainda têm força os ranqueamentos que classificam as escolas levando em consideração um único critério, a média nas provas objetivas. Porém, essa mesma imprensa publicou uma série de reportagens que buscam destacar o uso dos indicadores de contexto.
+Enem Meritt e os resultados das escolas no Enem 2014
Em uma ação inédita no Brasil, a Meritt por meio da plataforma +Enem, disponibilizou gratuitamente uma série de conteúdos voltados a apoiar os gestores na leitura e interpretação dos seus resultados. São mais de 10 conteúdos, desde a publicação da portaria do Inep, que regulamentou a divulgação, até produção de um ebook orientando a construção de um posicionamento da escola.
Além dos conteúdos, construímos uma página especial, contendo os dados do Enem 2014 de forma mais acessível e organizados de forma a permitir que os gestores identifiquem (apoiados nos conteúdos), os pontos fortes e pontos a melhorar da sua escola.
Acreditamos que, para além dos rankings, esses materiais também irão apoiar as escolas na definição dos ajustes necessários a melhorar o rendimento dos seus alunos, ainda no Enem 2015, que irá ocorrer em outubro deste ano.
Para acessar os conteúdos: www.maisenem.meritt.com.br/campanhas/resultados-enem-2014/
Para acessar a página de dados da escola: www.enemporescola.com.br