Os resultados do Enem 2013 já estão disponíveis. É um momento de extrema importância e as escolas devem ficar atentas para não cair em armadilhas na hora de interpretar os resultados das médias e poder preparar adequadamente a sua equipe. Por isso, listamos aqui os erros mais comuns em relação à análise de resultados das escolas no Enem.
O conhecimento para elencar esses erros foram obtidos a partir da leitura de documentações técnicas e entrevistas com especialistas em avaliações, realizadas para a construção do +Enem. São eles:
1 – Apoiar-se somente nos resultados divulgados pela imprensa.
Os meios de comunicação costumam realizar uma divulgação muito limitada dos resultados, mostrando apenas uma média geral e destacando as escolas de maiores notas. Existem dados muito mais detalhados sobre o desempenho dos alunos da escola, como o rendimento em cada item (questão) da prova e nas competências de redação. A escola também pode saber o perfil dos inscritos e avaliar a evolução histórica desde 2009.
2 – Comparar o resultado da escola com o resultado de qualquer escola
Para uma melhor comparação entre duas (ou mais) escolas, deve-se observar aquelas que possuem alunos com um nível socioeconômico semelhante. Desse modo, é possível perceber onde estão os reflexos relacionados, especificamente, ao trabalho pedagógico da escola – sem que a diferença entre o perfil dos alunos interfira na avaliação. O Inep irá divulgar indicadores de contexto junto com os resultados. Além disso, pode-se levar em conta outros fatores como a localização da escola, infraestrutura e número de alunos participantes.
3 – Comparar as notas entre as áreas do conhecimento
Apesar das notas para cada área do conhecimento variar de 0 a 1.000, a nota obtida em uma área não é diretamente comparável a outra área. Ou seja, 530 em matemática e 530 em linguagens não representam o mesmo nível de domínio dos conteúdos para sua respectiva área. Isso ocorre porque ainda não houve uma equalização das proficiências ou a construção de uma interpretação qualitativa das notas (avançado, adequado, básico e insuficiente), para cada área do conhecimento.
4 – Assumir que uma taxa de participação pequena invalida ou não representa os resultados da escola
Para ter seus resultados divulgados, uma escola precisa atender aos critérios do Inep: ter 10 ou mais alunos participantes e 50% ou mais de participação (tomando como referência o número de alunos matriculados segundo o Censo Escolar, além do número de alunos que indicaram a escola no momento de inscrição e que compareceram aos dois dias de prova). A taxa de participação é uma relação entre o número de alunos matriculados e o número de alunos que compareceram nos dois dias de prova do Enem. A escola pode ter tido 45% de participação, mas, ao mesmo tempo, esse número ser equivalente a 80 alunos – o que em muitas escolas representa quase 2 turmas, ou seja, os resultados têm sim validade para a escola. Se a sua escola não teve as médias divulgadas, veja como proceder.
5 – Considerar a nota de corte para a certificação de conclusão do ensino médio como uma referência de aprendizado para o término da educação básica
Um das funções atribuídas ao Enem foi a de certificação para a conclusão do ensino médio, o que até 2009 era realizado por outra avaliação (Enceja). Atualmente, o aluno que obtiver mais de 450 pontos em cada área do conhecimento, 500 pontos em redação e for maior de 18 anos, poderá solicitar o certificado de conclusão do ensino médio. Entretanto, como o propósito da certificação é voltado para um determinado público (adultos já egressos da escola) não é recomendável a sua utilização para avaliar alunos que são concluintes do ensino médio.
6 – Considerar a melhor escola aquela que possui a maior média
Mesmo avaliando separadamente a nota em cada área do conhecimento (em vez de olhar apenas para a média geral), existem outros fatores – externos ao ensino da escola – que podem influenciar a nota do aluno. Portanto, não é correto estabelecer uma relação direta entre a nota e a qualidade do ensino. Vá além das médias!
7 – Não comparar a evolução das notas para cada área
Uma das grandes evoluções do Enem foi, a partir de 2009, utilizar a TRI para definir a pontuação dos candidatos. Através dessa metodologia, os resultados ano a ano são comparáveis para uma mesma área. Dessa forma, levando em consideração o número e proporção de participantes, a escola poderá avaliar a evolução no aprendizado dos seus alunos.
8 – Não construir um posicionamento da escola em relação aos resultados divulgados
Desde 2009, é crescente a importância do Enem e, por isso, as pessoas buscam em diversas fontes um entendimento sobre os resultados. É muito relevante que a direção escolar apresente para a sociedade um posicionamento em relação aos resultados no exame. Esse posicionamento será, inclusive, um contraponto à leitura equivocada promovida por alguns meios de comunicação e irá conferir à instituição uma percepção de maior qualidade pela comunidade escolar. Cada direção saberá definir o nível de relevância que irá conferir aos resultados e também a leitura que fará do mesmo.
9 – Considerar que muitas escolas podem utilizar recursos duvidosos para obter melhores notas
Inicialmente, algumas escolas utilizaram artifícios para maquiar os seus resultados no Enem. Entretanto, o crescimento no interesse da sociedade pelos resultados e a atenção dos meios de comunicação acabaram por revelar essas práticas e, gradativamente, um posicionamento mais crítico e criterioso tem ganhado relevância. Com isso, são raros os casos de escolas que criam artifícios duvidosos para ter melhor posição no ranking.
10 – Não recorrer se a escola não tiver os resultados divulgados ou inconsistência nos números
Caso o número de matriculados ou taxa de participação na escola tenha algum tipo de inconsistência, é possível que a escola conteste os resultados junto ao Inep (responsável pelo Exame). Por exemplo, caso a sua escola possua 150 alunos matriculados no último ano do ensino médio, mas apenas 67 tenham participado da prova, ela não terá os resultados disponibilizados, pois a taxa de participação foi de apenas 45%. Veja como contestar os resultados da sua escola.
Destacamos que as médias divulgadas representam apenas uma parcela dos dados disponíveis, limitando muito as possibilidades de análises mais ricas e práticas, em especial, para um trabalho de cunho pedagógico. Existem outras formas de divulgação dos resultados e é possível ir muito além das médias com o +Enem.
Esperamos ter esclarecido alguns pontos importantes para ajudá-lo na análise dos resultados do Enem. Caso ainda tenha dúvidas, deixe um comentário!