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Os resultados preliminares do Enem 2014 já estão disponíveis. É um momento importante e as escolas devem ficar atentas para não cair em armadilhas na hora de interpretar os resultados das médias e poder orientar adequadamente a sua equipe, visando a divulgação pública em 27/07 . Por isso, listamos aqui os erros mais comuns em relação à análise de resultados das escolas no Enem.

O conhecimento para elencar esses erros foram obtidos a partir da leitura de documentações técnicas e entrevistas com especialistas em avaliações em larga escala.

1- Divulgar os seu resultados preliminares

A divulgação preliminar é restrita à direção da escola e o período até a divulgação pública (27/07) deve ser bem aproveitado para estudar os resultados. Aguarde até a divulgação dos resultados de outras escolas para finalizar a construção do seu posicionamento. Assim, ao divulgar os seus resultados preliminares, a escola abre mão dessa oportunidade. Além do mais, agora não é um momento em que pais e sociedade estão com a escuta ativa para os resultados. Caso seja necessário, a direção pode construir uma comunicação interna informando que, após a divulgação definitiva dos resultados, os dados serão compartilhados com toda a comunidade escolar.

2- Não compartilhar os resultados com a equipe pedagógica

O momento entre a divulgação preliminar e a pública é um momento único para a direção, juntamente com a equipe pedagógica, analisar os dados. Para isso, é necessário compartilhá-los. É importante que essas pessoas com as quais os resultados serão compartilhados sejam informadas quanto à discrição em relação aos resultados. Sugerimos que esse momento de partilha seja estruturado, provavelmente em uma reunião, sendo possível ouvir a opinião dos presentes e orientar as análises. Nas próximas publicações falaremos especificamente sobre a análise dos resultados.

3- Associar baixa taxa de participação a não comparecimento dos alunos

O primeiro ponto a destacar é que a taxa de participação dos alunos no Enem é calculada com base no número de participantes com relação ao número de matrículas e não ao número de inscritos. Por isso, caso uma quantidade pequena de alunos tenham se inscritos, mesmo com alto comparecimento, a taxa de participação será baixa. Por exemplo: imagine que em uma escola com 60 alunos 35 tenham se inscrito e, desses, 30 comparecido aos dois dias. Apesar da alta proporção de comparecimento, a taxa de participantes em relação ao total de matriculados (usada para o cálculo da taxa de participação no Enem) será de 50%. Em geral, a taxa de participação dos alunos no Enem tem sido crescente a cada ano e em várias escolas já há pouco o que crescer. Caso a sua escola tenha tido queda expressiva nas taxas ou baixa participação, é importante avaliar se o motivo foi o não comparecimento ou se foi o baixo número de inscrições no Enem.

4- Avaliar que o crescimento ou redução da nota indica que houve melhora ou piora no aprendizado dos alunos

Apesar de utilizar a TRI (Teoria da Resposta ao Item) e ter os resultados divulgados em uma escala, ao longo das edições do exame a prova de determinada área poderá apresentar maior ou menor nível de dificuldade. Isso com certeza irá afetar a nota dos seus alunos. Por isso, não é correto, de antemão, associar melhoria da média como ganho e redução como perda no aprendizado. Para avaliar se o crescimento ou queda na média dos alunos representa ganho ou perda de proficiência, é preciso observar a variação da média para o Brasil. Neste caso, precisaremos aguardar a divulgação pública dos resultados no dia 27/07.

5- Achar que outros não poderão ter acesso aos resultados da escola

O acesso aos resultados preliminares é obtido através do CPF do dirigente e o código Inep da escola. Muitas vezes é possível obter o CPF do dirigente em documentações públicas, tipo contratos e cadastros. Já o código Inep da escola está disponível no site do próprio Inep e outros sites.

6- Considerar que o nível socioeconômico está relacionado ao valor da mensalidade da escola

No Enem, o nível socioeconômico da escola é definido a partir das respostas que os alunos dão a algumas perguntas do questionário aplicado durante o processo de inscrição. As perguntas estão relacionadas a escolaridade dos pais, o acesso a bens materiais, serviços e bens culturais.

O nível socioeconômico é muito relevante para definir as melhores escolas com as quais você deverá comparar os resultados da sua escola.

7- Achar que o indicador de formação docente tem a ver com o nível de pós-graduação ou cursos extras realizados pelos professores

O indicador de formação docente é definido a partir de dados coletados pelo Censo Escolar e que foram informados pela própria escola. Trata-se da porcentagem de professores com formação superior de licenciatura (ou bacharelado com complementação pedagógica) na mesma disciplina das que leciona na escola. O indicador de formação docente é calculado tomando todos os professores do ensino médio.

8- Considerar a nota de corte para a certificação de conclusão do ensino médio como uma referência de aprendizado

Uma das funções atribuídas ao Enem foi a de certificação para a conclusão do ensino médio, o que até 2009 era realizado por outra avaliação (Encceja). Atualmente, o aluno que obtiver mais de 450 pontos em cada área do conhecimento, 500 pontos em redação e for maior de 18 anos poderá solicitar o certificado de conclusão do ensino médio. Entretanto, como a certificação é voltada para um determinado público (adultos que não realizaram o ensino regular), não é recomendável a utilização desse valor para avaliar o aprendizado dos seus alunos.

9- Comparar as notas entre as áreas do conhecimento

Apesar do Enem ter as notas por área variando numa escala 0 a 1.000, o Inep ainda não realiza uma equalização das proficiências entre as áreas. Assim, não é possível pressupor que os alunos que obtiveram 630 pontos em Matemática e 580 pontos em Linguagens e Códigos dominam mais as competências de Matemática do que às competências de Linguagens. Uma evidência da ausência de equalização é a grande diferença que existe entre as pontuações máximas em cada uma das áreas do conhecimento.

10- Não recorrer se a escola não tiver os resultados divulgados

Caso o número de matriculados ou a taxa de participação na escola tenha algum tipo de inconsistência, é possível que a escola conteste os resultados junto ao Inep (responsável pelo exame). Por exemplo, caso a sua escola possua 150 alunos matriculados no último ano do ensino médio, mas apenas 67 tenham participado da prova, ela não terá os resultados disponibilizados, pois a taxa de participação foi de apenas 45%.

Esperamos ter esclarecido alguns pontos importantes para ajudá-lo na análise dos resultados preliminares do Enem 2014. Caso ainda tenha dúvidas, escreva-nos: alexandre@maisenem.meritt.com.br.

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